quarta-feira, 2 de maio de 2012

Bom lutador é aquele que aguenta mais do que bate

Ainda menino, virei fã de Cassius Clay (eu o conheci assim, portanto me recuso a chamá-lo pelo nome que adotou depois da conversão à religião islâmica, Mohamed Ali), um lutador americano peso pesado que é considerado o melhor do mundo em todos os tempos. Foi, na verdade, o primeiro gladiador moderno que vi atuar. O negro forte e estiloso aguentava muita porrada. Ficava no canto do ringue, com a guarda fechada, levando enorme castigo, mas de repente reagia e, com golpes certeiros, levava o adversário a nocaute ou o derrotava por pontos (veja a foto acima, de um de seu memoráveis combates contra Joe Frazier). Mesmo nas derrotas, resistiu até o fim ao porradal.
Mais recentemente, assisti ao histórico combate entre Anderson Silva e Chael Sonnen. Estava perplexo, achando que nosso grande campeão seria finalmente derrotado, mas eis que, no último round, ele tira da cartola um triângulo e finaliza o adversário (observe na outra foto acima). Depois da luta, fiquei sabendo que o brasileiro havia sido obrigado a entrar no octógno com uma costela fissurada e sentira muita dificuldade de locomoção e respiração ao longo do evento.

Pois bem, sirvo-me dos dois exemplos para comentar o que ouvi, li e assisti desde segunda-feira, quando o governador Omar Aziz pronunciou aquele contundente discurso que toda e imprensa interpretou como uma espécie de "grito de independência" em relação ao senador Eduardo Braga.
Conheço políticos que não aguentam um cascudo de qualquer blog, jornal ou programa de rádio. Morrem de medo da mídia. Outros, convictos de sua posição e popularidade, resistem bravamente às ondas de ataques sem capitular. Estes últimos vivem melhor, dormem melhor, convivem melhor com as adversidades.

Nem sempre a voz da mídia é a voz das ruas. Como sempre disse aqui, não existe imparcialidade. Cada jornal, cada TV, cada portal de internet, cada rádio defende seus próprios interesses. Às vezes estes se assemelham àqueles ouvidos nas esquinas, mas nem sempre é assim.  Se fosse, Lula não seria o que é, um mito, o político mais popular do país. A única premissa básica que une a todos é a liberdade de expressão. Graças a Deus, o Brasil caminha para consolidar esse direito universal.
E é a liberdade de expressão que garante ao governador dizer e fazer o que quiser, respondendo obviamente pelos atos e palavras. Também é essa garantia constitucional que permite à imprensa se manifestar livremente, até mentindo. Todos, entretanto, devem ter em mente que vão ser julgados pela Justiça e pela opinião pública.

Neste momento, Eduardo Braga foi colocado em um córner recebendo todo tipo de golpe, a maioria deles baixos. Parece acuado, assim como seus aliados, entre os quais me incluo. Vejo as hienas comentarem aqui no blog, comemorando o momento. E vejo o povo calado, observando tudo atentamente, mais ou menos como a platéia, majoritariamente admiradora de Cassius Clay, fazia quando seu ídolo era colocado no canto do ringue pelo adversário.

O povo entende de gratidão, de solidariedade e de arrogância, mas leva em conta prioritariamente a competência. Na hora do voto, vale o pragmatismo. E lá, na urna, vai contar o que interessa para Manaus, não o que acha o radialista fulano, o jornalista beltrano ou o blogueiro cicrano.
P.S - Uma dica às aves de rapina: um acontecimento previsto para a semana que vem pode produzir uma notícia bombástica que vai mudar todo esse quadro. Não comemorem com antecedência.

Fonte: http://blogdohiellevy.com.br

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