sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Eles vão dormir na madrugada do fim do mundo?


Marco Damiani e Juliana Sacerdote _Brasília 247 – Tensão máxima. Foi nessa situação que o presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa, enfiou, de uma só vez, com poucas palavras, os condenados na Ação Penal 470. Ele afirmou que sua decisão sobre a petição do procurador geral da República, Roberto Gurgel, pela prisão imediata de 22 dos 25 condenados pelo Supremo será anunciada nesta sexta-feira 21, mas não disse a hora e muito menos qual será. "Quem quiser saber primeiro, que acorde cedo", afirmou.
Na verdade, tem muita gente que nem vai dormir direito, se tanto.

O anúncio de Barbosa poderá selar o destino de condenados como o publicitário Marcos Valério (40 anos, um mês e seis dias), os ex-presidentes do PT José Dirceu (dez anos e dez meses) e José Genoíno (seis anos e 11 meses), o ex-presidente da Câmara João Paulo Cunha (nove anos e quatro meses), o presidente do PTB, Roberto Jefferson (sete anos e 14 dias), o deputado Waldemar da Costa Neto (sete anos e 10 meses), a ex-banqueira Kátia Rabelo (16 anos e oito meses) e o deputado Waldemar da Costa Neto (sete anos e dez meses). E justamente no dia em que, de acordo com o calendário da civilização maia, acaba o mundo. Cercado de mistério, o 21/12/2012 terá uma madrugada especialmente dramática para eles.

O veredito de Barbosa, a ser dado após o plenário do Supremo ter sido ultrapassado por uma manobra criticada de Gurgel, poderá representar o fim da linha para aquela gente graúda. Uma vez presos agora, antes do Natal, ou na próxima semana, à entrada no ano novo, os condenados passarão pelo menos todo o mês de janeiro em cadeias já, de certa forma, designadas. Apenas a partir de fevereiro, quando a Justiça retornará do recesso, será possível a eles terem recursos e outros instrumentos jurídicos apreciados.

A tentação de Joaquim para mandar prender já parece ser grande. Durante todo o julgamento, ele tomou decisões alinhadas com a peça acusatória montada por Gurgel. No último dia, quando o plenário poderia, a partir de uma indagação do decano Celso de Mello, definir pela apreciação de futuros recursos ou determinar a prisão imediata dos condenados – e a maioria se inclinava para o cumprimento de todo o ritual, sem açodamentos --, outra vez Barbosa mostrou-se como aliado de Gurgel. A questão foi vencida e, agora, a decisão é só única e exclusivamente dele, o primeiro a poder atuar durante o recesso

O ex-presidente da Câmara João Paulo chegou a declarar que pensou até em suicídio diante da possibilidade de ir preso. O advogado do ex-ministro Dirceu, José Luís Oliveira Lima, disse que a prisão imediata de seu cliente seria "inconstitucional" e que a medida não pode ser definida no recesso, porque faltará "o indispensável requisito de urgência". .
De toda maneira, pelo menos os dois medos vão ser esclarecidos no mesmo 21/12/2012. Os tempos irão acabar ou não e as prisões serão ou não executadas já. Para os réus do Mensalão, esta sexta-feira pode representar o fim de uma vida de "privilégios", como definiu Barbosa, da vida política e o início de uma nova realidade, dessa vez, atrás das grades. Durma-se com uma tensão dessas.


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