Com bandeiras do Partido Comunista Brasileiro e palavras de ordem de
esquerda, cerca de 600 manifestantes ocuparam na tarde desta
quinta-feira 29 a frente do Clube Militar, na Cinelândia, centro do Rio.
Lá dentro, os integrantes do clube promoviam uma reunião para lembrar o
golpe militar de 31 de março de 1964. O vice-presidente da agremiação,
general da reserva Clóvis Bandeira, classificou a Comissão da Verdade,
criada pelo governo para apurar crimes cometidos durante os governos
militares, como “revanchista”. À medida em que os participantes do
encontro saiam para a rua, eram recebidos com vaias e apupos. Homens da
Polícia Militar esticaram dois cordões de isolamento para afastar os
manifestantes do prédio, mas as barreiras foram pressionadas. Para
conter a manifestação, bombas de gás lacrimogênio foram lançadas pela PM
entre os integrantes do protesto. Um jovem foi preso. Quatro ficaram
feridos.
"Do jeito que está sendo conduzida, ela [a Comissão da Verdade] é
simplesmente revanchista", disse Bandeira, que defende a apuração, na
comissão, dos crimes cometidos pela guerrilha de esquerda contra
militares.
À saída do encontro, os ex-militares foram hostilizados pelos
manifestantes, chamados de torturadores e assassinos. A PM utilizou
bombas de efeito moral e jatos de gás de pimenta para dispersar a
multidão.
Militares da reserva, por meio do Clube Militar do Rio, enviaram
convites para o ato, organizado para acontecer na sede do Clube -
denominado “1964 – A Verdade”. O evento acontece um mês após o
lançamento de manifesto em que cobram da presidente do país postura
contrária à Comissão da Verdade e à revogação da Lei da Anistia. Entre
seus painelistas, o general Luiz Eduardo Rocha Paiva, principal crítico
das duas leis federais.
Em declaração à jornalista Miriam Leitão, durante entrevista, Paiva
fez várias declarações que questionam a morte de Wladimir Herzog pelos
militares; fala até mesmo que a presidente Dilma Rousseff não sofreu
tortura pelos aparelhos do governo da repressão. Também no início do mês
fez outras declarações que, certamente, seriam impedidas de circular se
fossem dadas durante o regime ditatorial do qual ele participou.
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