Isabela Vieira, da Agência Brasil - Para interligar
conhecimento indígena à tecnologia durante a Rio+20, uma aldeia será
montada em plena metrópole. Da aldeia Kari-Oca, que começa a ser erguida
esta semana em Jacarepaguá, na zona oeste, os cerca de mil índios de
países como Nigéria, Japão, Canadá e Brasil, esperados para a
conferência das Nações Unidas (ONU), trocarão informações com aqueles
que ficaram nas aldeias, independentemente das distâncias.
A Kari-Oca será composta de alojamentos, refeitório, cinco tendas
para discussões de temas do evento e atividades culturais, além de duas
ocas tradicionais de povos do Alto Xingu, que serão erguidas com vigas
de madeira trazidas pelos índios. "Vinte guerreiros chegam esses dias
para a montagem", contou um dos organizadores, o líder do movimento
indígena Marcos Terena.
De acordo com ele, a ideia é fazer uma reedição da Kari-Oca, da Rio
92. O objetivo será influenciar decisões da Rio+20 em três eixos: "a
cultura como parte essencial da economia verde, a soberania alimentar no
mundo moderno e a sustentabilidade", destacou Terena. Por isso, a
aldeia ficará próxima ao centro de convenções, onde ocorrerão os debates
oficiais.
Também está na pauta da Kari-Oca, a consulta obrigatória aos índios,
por parte do Poder Público, nos casos de instalação de grandes
empreendimentos em terras indígenas, como prevê a Convenção 169 da
Organização Internacional do Trabalho (OIT). O tema é prioritário nos
debates que antecedem a conferência da ONU para índios de vários países.
"Queremos ser consultados antes de qualquer programa estatal ou
privado nas aldeias", disse Terena. Segundo ele, a garantia da terra é
fundamental para sobrevivência dos povos.
Na aldeia urbana, as questões relativas ao meio ambiente e ao combate
à pobreza ocorrerão em uma das ocas tradicionais, a Casa da Sabedoria. A
outra, batizada Techno-oca, eletrônica, abrigará computadores
conectados à internet para uso pessoal e transmissão online das atividades.
"Dessa oca poderemos falar, por exemplo, com os índios Navajo, dos
Estados Unidos, que são nossos parceiros. Mostrar o que é a Kari-Oca e
conhecer a aldeia deles", exemplificou Terena.
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