Manaus
(AM) – Por toda a capital, as cenas de aglomeração se repetiram nos últimos
dias, mas agora furar o lockdown parcial ficou mais fácil graças a um empurrão
do governador Wilson Lima (PSC). Nesta segunda-feira, primeiro dia útil após o
governo estadual flexibilizar o lockdown parcial, o centro de Manaus presenciou
várias aglomerações nas portas das agências bancárias públicas ou privadas. “É
constrangedor pra gente, né? Eu estou aqui há mais de uma hora e até agora
nada. Essa fila aqui é pra tudo, pra atendimento, caixa eletrônico, caixa
normal aí fica difícil, né?”, reclama a autônoma Gracie Jordão, de 37 anos.
Como
outros clientes dos bancos, Gracie não entende como as agências continuam
lotadas, mesmo com a necessidade maior de se evitar aglomerações nesta segunda
onda da pandemia de Covid-19. “Isso é revoltante. Já estamos há quase um ano
nessa história de pandemia e é sempre do mesmo jeito. Eu vim aqui falar com a
gerência. Sabe Deus que horas eu vou sair daqui”, diz a autônoma.
As
filas intermináveis dos bancos não se restringiram única e exclusivamente ao
centro de Manaus. Nas zonas Norte e Leste da cidade, as mais pobres e
populosas, muita gente ficou na fila e embaixo de muita chuva.
Em
Presidente Figueiredo a pandemia continua fazendo vitimas e a população
continua se expondo ao contágio nos bancos, nas ruas e balneários, e estes mais
uma vez, foram muito visitados neste final de semana apesar das chuvas.
A
prefeita Patrícia Lopes se limita a visitar comunidades e utilizar doações de
medicamentos, insumos hospitalares para divulgar a seu eleitorado nas redes sociais enquanto contratações
suspeitas de coleta de lixo e aquisição de combustíveis são denunciadas na imprensa
amazonense.Prefeita Patricia em visitação as comunidades
Foto dispensa de licitação de combustíveis |
Doutorando do programa de biologia do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), Lucas Ferrante tem analisado em detalhes a escalada da pandemia. “O número expressivo de mortes que foi visto no mês de janeiro, superando todos os meses anteriores, já havia sido anunciado pelo nosso grupo, inclusive modelos epidemiológicos apresentados tanto ao Ministério Público quanto à FVS (Fundação de Vigilância Sanitária), como na Aleam (Assembleia Legislativa)”, diz. “A segunda onda, ela se mostrou presente como nós já avisamos, desde agosto do ano passado, numa publicação na revista Nature Medicine, e agora estamos apontando que o grande número de mortes observados em janeiro irá resultar num prolongamento da pandemia. Essa pequena queda que evidenciamos por esse isolamento social parcial que foi implementado em Manaus não é suficiente para conter o avanço da pandemia na cidade e precisamos de medidas mais restritivas, senão os números vão voltar a subir”, alerta Ferrante.
“O cenário é grave e se projeta já uma terceira onda e o governador (Wilson Lima) está sendo mais uma vez negligente não tomando medidas cabíveis para contê-la”, explica Ferrante. O pesquisador enfatiza que é importante deixar claro que a nova cepa não foi a responsável por ter causado a segunda onda, como se apressaram a afirmar o ministro da Saúde, o general Eduardo Pazuello, e autoridades locais do Amazonas. “Na verdade, essa nova cepa surgiu na segunda onda pela maior circulação viral. Comprovou-se uma negligência do governo do Amazonas, precisa-se instaurar um inquérito para averiguar isso contra o governador, porque caracteriza um crime contra a saúde pública.”Em
Presidente Figueiredo embora o número de óbitos tenha se mantido estável, a
escalada de contaminação continua e demanda atenção máxima da população e do
sistema de saúde publica onde somente a vacinação em massa poderá surtir algum,
efeito. Por enquanto os hospitais continuam lotados e a administração publica
municipal se encontra as voltas com vários problemas estruturais a demonstrar inexperiência
no combate à pandemia.
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