ex-deputado federal Roberto Jefferson / ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares |
A organização criminosa da cidade de Presidente Kennedy (ES) é
responsável por supostas fraudes em licitações, superfaturamentos,
desvio de verbas, além de pagamentos indevidos em contratos de serviços e
compra de materiais no Espírito Santo.
Ao todo, estima-se que tenham sido desviados pelo menos R$ 50 milhões do município, que é líder em recebimento de royalties de petróleo no Estado, mas tem um dos piores índices de desenvolvimento humano entre as cidades capixabas (é a 74ª de 78). O prefeito Reginaldo Quinta (PTB) está entre os presos.
De acordo com a sentença do TJ-ES (Tribunal de Justiça do Espírito
Santo), datada de terça-feira (17), membros do grupo tinham contato com
políticos do cenário nacional. "Há a descrição, na representação
ofertada pelo Departamento de Polícia Federal, de diversas viagens
feitas por alguns de seus membros a municípios de outros Estados e
encontros em lugares públicos, como aeroportos, com personalidades
públicas do mundo político nacional. Surgiram, neste sentido, notícias
de contato com o presidente nacional do PTB, Roberto Jefferson, e do PT
Delúbio Soares", diz o documento.
Segundo a denúncia do Ministério Público do ES, Jefferson, do mesmo
partido de Quinta, é padrinho de negócios do esquema e ajudou a levá-lo
para outros Estados brasileiros. Já a participação de Delúbio Soares
teria começado após intermédio do deputado estadual de Goiás, Mizael
Oliveira (PDT).
Ainda de acordo com a denúncia, Delúbio ajudou uma das empresas
envolvidas no esquema, a Matrix Sistemas e Tecnologia, de Jurandy
Nogueira Junior (preso na operação), a se instalar em Goiás. Como a Folha antecipou na coluna Painel deste sábado, o dono da empresa e Soares se encontraram no início do ano, no Rio.
Segundo Jurandy, o petista prometeu ajudá-lo a negociar projetos de
implantação da lousa digital (ramo de atuação da empresa) driblando
licitações. "É muito difícil, mas vou mexer porque um pedido do meu
deputado é praticamente uma ordem", teria respondido Delúbio Soares,
segundo Jurandy, em referência ao deputado Mizael Oliveira.
Segundo a denúncia da Promotoria, a relação de Mizael com Jurandy
começou com o relacionamento amoroso do filho de Jurandy com a filha do
vice-prefeito da cidade de Minaçu (GO), Sivaldo Pereira Nunes. O sogro
do filho do dono da Matrix teria o apresentado a Mizael --que fez a
ponte com Delúbio.
Ainda de acordo com o Ministério Público, a Matrix, que começou em 1998
como varejista de calçados e roupas, desenvolve programas de computador e
atua na área de tecnologia desde 2009, quando passou a ser de Jurandy e
de seu filho Rômulo Pegoretti Nogueira. De acordo com as investigações,
a sede da empresa, em Cachoeiro do Itapemirim, fica em um terreno
baldio.
"Além da falsidade ideológica na montagem da empresa, há outro dado
importante que envolve a contratação da empresa Matrix: a ausência de
capacidade técnica para execução dos serviços contratados pela
prefeitura de Presidente Kennedy", diz o relatório da Promotoria. Há
ainda uma parceria com a Skill Blocks, do Rio de Janeiro, que além de
participar de fraudes em licitações junto com a Matrix emitiu um
documento falso de capacidade técnica para a empresa capixaba.
Enquanto isso, a cidade de Presidente Kennedy segue sem comando. Depois
da prisão do prefeito e do afastamento de quatro vereadores envolvidos
no esquema, todos da mesa diretora da Câmara Municipal, na quinta-feira,
o vice-prefeito assumiu e teve de deixar o cargo na sexta após uma
decisão da Justiça. Ele perdeu o mandato porque não mora na cidade.
Fonte: Folha
Fonte: Folha
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