A empresa Jayoro,
subsidiária da Coca-Cola no Amazonas, pertence à família Magid, radicada em São
Paulo. A empresa é proprietária de uma área de 59 mil hectares desde a década
de 70, embora os canaviais ocupem uma faixa de 4 mil hectares. A empresa também
ocupa 410 hectares com guaranazais.
A ocupação de terras
por empresas paulistas como a Jayoro em Presidente Figueiredo veio acompanhada
de conflitos fundiários com posseiros, que se estendem até os dias atuais. A
reportagem tentou obter informações do Programa Terra Legal, do governo
federal, sobre a regularização fundiária da área, mas não obteve retorno do
coordenador do órgão no Amazonas, Luiz Antônio Nascimento.
O governo federal,
percebendo que o desenvolvimento do Brasil passa obrigatoriamente pela defesa
da Amazônia, criou mais um mecanismo para ajudá-lo nesta importante questão.
Desta vez o foco é evitar a degradação de áreas com cobertura vegetal primária,
promovido pelo cultivo da cana-de-açúcar e, portanto, para isso, foi formatado
e já divulgado o Zoneamento
Agroecológico (ZAE). Com esse dispositivo, busca-se atingir os
objetivos pontuais para a região amazônica, como por exemplo: a proteção à
biodiversidade e à preservação do solo amazônico. Com o ZAE aprovado, num
primeiro momento, ele irá mesmo que de maneira não intencional, beneficiar a
única usina existente no Estado do Amazonas, a Agropecuária Jayoro, cuja
produção de açúcar se destina à Coca – Cola Brasil, ou seja, este açúcar é um
dos insumos do concentrado dos produtos da The Coca – Cola Company, no Brasil,
Venezuela, Paraguai e Colômbia.
Entretanto, uma poeira
está a acobertar uma realidade estéril do ponto de vista da sustentabilidade da
Amazônia, sobre o processo produtivo da Agropecuária Jayoro: ela não tem
licença ambiental dos seus 4 mil hectares de canaviais e de seus 400 hectares
de pés de guaraná, logo, se o órgão competente do Estado do Amazonas quisesse,
colocaria sobre esta usina, os rigores da Lei que o caso implica.
A fornecedora de açúcar da
Coca – Cola, a Jayoro, foi pega pelo crivo do Ministério Público Federal em
2008 devido a outra Não – Conformidade: contaminação de igarapés, pelo uso de
agrotóxicos. Ocasião, na qual, toda a comunidade no entorno, foi prejudicada. No
entanto, o órgão do estado (Ipaam) de forma estranha disse que a Jayoro estava
atendendo todas as legislações pertinentes, mas, o MPF no afã de resposta,
solicitou os laudos das análises das águas, o feedback obtido dizia que a
licença da Agropecuária Jayoro estava em processo de análise. Passados dois
meses, o órgão estadual tendo que dar uma resposta conclusiva sobre o caso,
liberou um parecer, no qual, dizia: a licença ambiental não foi renovada.
A Agropecuária Jayoro,
além de não ter a licença ambiental, ela, se apossou de novas áreas e as
incorporou às que já tinha, o que significa dizer que, mais áreas serão
degradas pela fornecedora de açúcar da Coca – Cola. Salvo engano, há bem pouco
tempo atrás, a rede varejista do Brasil chegou a suspender a compra de carne de
animais criados em áreas desmatadas ilegalmente da Amazônia. Neste caso, da
Jayoro, o que podemos esperar, por exemplo: do governo do Amazonas, que vende
uma Amazônia sustentável mundo a fora, mas que ainda não aprendeu a cuidar da
sua cozinha (o Amazonas), da Coca – Cola que por sua vez, diz ter na sua
filosofia de gestão ambiental: a preservação dos recursos ambientais. Bom, os
fatos dizem o contrário. É esperar pra ver o que farão a respeito ou até onde
vai à reciprocidade entre as partes envolvidas quanto ao desleixo com a questão
ambiental.