A chamada CPI do Cachoeira, a depender de Lula, será instrumento de perseguição a adversários políticos e proteção a bandidos aliados, jamais de busca sincera da verdade
O ex-Presidente Lula se move pela ambição desmedida de poder e é
vítima do ódio que lhe domina a alma. O ódio leva ao egoísmo e este
cega seus portadores.
A chamada CPI do Cachoeira, a depender de Lula, será instrumento de
perseguição a adversários políticos e proteção a bandidos aliados,
jamais de busca sincera da verdade. Seus objetivos, aliás, são dois:
vingar-se do governador de Goiás, Marconi Perillo, que cometeu o “crime”
de lhe dizer que havia uma quadrilha montada dentro do governo federal
para comprar deputados e assaltar, organizadamente, os cofres públicos.
E, sem dúvida, procurar embaralhar o julgamento dos mensaleiros, que
deverá ocorrer ainda neste semestre.
Sobre Marconi, afirmo com serenidade: ainda não vi nada de concreto
que o incriminasse. Ao contrário, por exemplo, do governador petista do
Distrito Federal, Agnelo Queiroz, que dificilmente escapará do
impeachment. Mantenho, portanto, a crença, no meu companheiro de partido
não por essa condição e sim porque ainda não li ou vi nada que o
pusesse na condição de réu.
Lula se engana se pensa que poderá controlar o rumo das
investigações, poupando uns e inventando culpas para outros. Com a
imprensa livre e a democracia com que contamos, a verdade aparecerá, a
despeito de tropas de choque e de maiorias parlamentares. Sua
excelência, o fato falará mais alto que artificialismos e gestos
espúrios e desonestos.
Quem tiver culpa no cartório deve pagar, pertença a que partido
pertencer, dirija esta ou aquela empresa. É isso que o Brasil honrado
espera dos seus representantes legislativos.
Se Lula agisse de boa fé, não mentiria dizendo que nunca houve
mensalão. Afinal, ele mesmo, à época do escândalo, foi à televisão pedir
desculpas à nação. Falou-se até em refundar o PT. Lula acenava para as
oposições com a proposta de não disputar a reeleição, em troca de não
ser proposto seu impedimento.
José Dirceu, Silvinho “Land Rover” (que até já cumpriu pena
alternativa para se livrar do processo), Delúbio, João Paulo Cunha e
outros do mesmo naipe não escaparão do exame de seus atos pela mais alta
corte judicial do país. E, ao mesmo tempo, continuo esperando que
Fernando Cavendish e Carlos Cachoeira (que paga R$15 milhões ao
brilhante advogado e petista tendencioso Marcio Tomas Bastos para
defendê-lo) falem tudo que sabem da “República do rabo preso”. Tudo
mesmo, sem omitir nada e nem ninguém. Sem mentir, sem inventar, sem
tergiversar.
Aguardemos para ver se a CPMI será – ou não – uma fraude a mais no
extenso rol de dossiês fajutos, corrupção sistêmica e engodos. A
sociedade logo perceberá se será a sinceridade ou a perfídia a presidir o
inquérito.
Uma coisa, no entanto, é certa: o julgamento dos mensaleiros deverá
ser para valer. Espero que, brevemente, estejam punidos tanto quanto os
que se envolveram, de fato, no esquema de Cachoeira e da Delta
Construções, a empreiteira preferida do PAC.
Chega de hipocrisia!
Arthur Virgílio é diplomata e foi líder do PSDB no Senado
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