Valdeni Pinheiro circulou por 418 cidades, 26 estados e pelo DF no período.
Objetivo era quebrar recorde anterior de 345 dias, de um paranaense.
Valdeni Pinheiro faz pose e comemora o feito na Linha do Equador após circular de bicicleta por 26 capitais e pelo Distrito Federal em 230 dias (Arquivo Pessoal/Valdeni Pinheiro Alves) |
Em busca de um sonho, o ciclista amazonense Valdeni Pinheiro Alves, de
33 anos, pedalou 20.726 quilômetros, passou por 418 cidades, por 26
capitais e pelo Distrito Federal. Ele saiu de Humaitá (AM) em 7 de outubro do ano passado
e concluiu o trajeto na quarta-feira (23), em um total de 230 dias de
viagem sobre a "magrela". Segundo o Ranking Brasil, o atual recordista é
o paranaense Silvio Marchiori, que pedalou 20 mil quilômetros em 345
dias, em 2005.
Alves sempre fez questão de lembrar de sua mãe, que considera a maior
incentivadora. "É uma promessa que fiz para ela lembrar de mim por
coisas boas. Eu vivia num mundo errado e fazia minha mãe sofrer muito.
Hoje tenho uma vida correta e quero poder dizer para ela que eu fiz isso
tudo para ela."
Esta é a segunda vez que Alves tenta bater o tempo do paranaense Marchiori. No ano passado, ele pedalou 23 mil quilômetros em 347 dias, passando por todas as capitais do país. A primeira tentativa foi concluída em 29 de abril de 2011.
Amazonense Valdeni Pinheiro Alves, 33 anos, no dia em que começou sua viagem de bicicleta, no ano passado (Foto: Arquivo Pessoal/Valdeni Pinheiro Alves) |
O amazonense disse que precisou fazer alguns ajustes no itinerário para
conseguir quebrar o recorde. "Consegui reduzir a quilometragem mudando a
rota. Pedalei três mil quilômetros a menos desta vez." Por conta disso,
ele deixou de aproveitar algumas belezas naturais por onde passou. "Não
entrei no mar como fiz ano passado em Copacabana. Não fiquei visitando e
conhecendo as cidades. Me concentrei no trajeto", afirmou Alves.
Ele pedalou, entre outros locais, por Humaitá, Porto Velho, Cuiabá,
Goiânia, Brasília, Palmas, Belém, São Luís, Teresina, Fortaleza, Natal,
João Pessoa, Recife, Maceió, Aracaju, Salvador, Vitória, Belo Horizonte,
Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba, Florianópolis, Porto Alegre, Campo
Grande, Cuiabá, Porto Velho, Rio Branco, Porto Velho, Manaus, Boa Vista
e Macapá. "Agora estou ilhado em Macapá, esperando uma maneira de
conseguir chegar a minha casa, em Humaitá", disse o ciclista.
Ciclista
Valdeni Alves foi atropelado no Rio de Janeiro, em 15 de fevereiro
deste ano, no cruzamento da Avenida Brasil com a Rodovia Washington Luiz
(Foto: Arquivo Pessoal/Valdeni Pinheiro Alves)
AtropelamentoOutro momento difícil vivido por
Alves foi em 15 de fevereiro deste ano, quando ele foi atropelado por um
caminhão, no cruzamento da Rodovia Washington Luiz com a Avenida
Brasil, no Rio de Janeiro. "Fiquei bastante assustado. Quando caí no
asfalto, fiquei sem me mexer por algum tempo. Estava com medo de que
tivesse fraturado alguma coisa em meu corpo. Por sorte foram alguns
arranhões nas pernas, braços. Mas minha mão dói até hoje. Não tenho
convênio médico, quero ver se passo em algum médico para ver o que
aconteceu com minha mão."
Por conta do acidente, Alves teve a bicicleta destruída, mas não ficou
sem esperança. "Registrei o Boletim de Ocorrência na delegacia e guardei
o que sobrou da bicicleta em um espaço na delegacia. Tive de comprar um
quadro novo (R$ 600) e remontei a bicicleta com as peças que ficaram
inteiras", disse o amazonense.
Sandália de 17 mil quilômetros
Apesar de fazer o percurso com dificuldades, Alves nunca perdeu o bom
humor. Sem roupas ou calçados específicos para o esporte, bicicleta
especial ou adequada para longas distâncias, ele se desdobrou para
conseguir descansar em locais seguros e com o mínimo conforto e também
se alimentar da melhor maneira possível para resistir ao desafio.
"Carreguei tudo na bicicleta, por isso não tinha como levar muita
coisa. A minha Havaianas, que usava para pedalar, durou pouco mais de 17
mil quilômetros. Ela ficou toda sofrida até estourar, não soltou as
tiras, mas abriu um rombo na sola. Depois tive de comprar outra para
seguir viagem", contou o amazonense.
Valdeni
Pinheiro disse que sandália que usou para pedalar não soltou as tiras,
mas ficou com um rombo na sola (Foto: Arquivo Pessoal/Valdeni Pinheiro
Alves)
A busca pelo recordePara evitar problemas nesta
viagem, Alves partiu do 2º Cartório de Registros de Humaitá, onde sua
partida de bicicleta foi registrada. Ele também postou suas fotos no
Orkut. "Fiz um livro-ata para registrar todos o trajeto cumprido.
Guardei cartões, carimbos e assinaturas de todas as pessoas por onde eu
passei. Está tudo registrado", disse o ciclista.
O próximo passo, ou melhor, pedalada, será Alves enviar todos os dados
de sua viagem para o escritório central do Ranking Brasil. "Dessa vez eu
não vou perder. Não tem como, fiz tudo como eles [Ranking Brasil] me
disseram no planejamento da viagem." Segundo a assessoria da agência de
recordes, não há prazos para a homologação ou não de um recorde a partir
da documentação entregue.
Para conseguir completar o trajeto, Alves saiu de Humaitá com R$ 2,3
mil. "Trabalhei na Usina de Santo Antonio durante um tempo, na área de
tubulação, para eu conseguir juntar esse dinheiro. Ao todo, ele disse
ter gasto cerca de R$ 25 por dia, em média. "Recebi ajuda de algumas
pessoas, entre parentes e amigos, que me incentivaram. Preciso agradecer
o dono da Bellociclo, que me deu a bicicleta para a viagem, e o pessoal
da Panificadora Eldorado, em Capanema (PA). Eles me ajudaram com os
custos de manutenção da bicicleta", disse Alves.
Pedalando por 347 diasNa primeira tentativa, Alves
saiu de casa, em Humaitá, em 17 de maio de 2010 e chegou ao último
destino da viagem em 29 de maio do ano passado, em Macapá.
"Tive problemas para registrar meu percurso. Tive um caderno ata
roubado durante minha viagem e por isso não consegui bater o recorde",
disse ele.
G1/AM
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