quinta-feira, 29 de março de 2012

Cerco a Clube Militar causa tumulto no centro do Rio

Manifestação na Cinelândia contra oficiais da reserva que não aceitam a Comissão da Verdade é dispersada pela polícia com bombas de gás lacrimogênio e prisões; vice-presidente do Clube Militar classificou apuração dos crimes da ditadura como posição 'revanchista'

Com bandeiras do Partido Comunista Brasileiro e palavras de ordem de esquerda, cerca de 600 manifestantes ocuparam na tarde desta quinta-feira 29 a frente do Clube Militar, na Cinelândia, centro do Rio. Lá dentro, os integrantes do clube promoviam uma reunião para lembrar o golpe militar de 31 de março de 1964. O vice-presidente da agremiação, general da reserva Clóvis Bandeira, classificou a Comissão da Verdade, criada pelo governo para apurar crimes cometidos durante os governos militares, como “revanchista”. À medida em que os participantes do encontro saiam para a rua, eram recebidos com vaias e apupos. Homens da Polícia Militar esticaram dois cordões de isolamento para afastar os manifestantes do prédio, mas as barreiras foram pressionadas. Para conter a manifestação, bombas de gás lacrimogênio foram lançadas pela PM entre os integrantes do protesto. Um jovem foi preso. Quatro ficaram feridos. 



"Do jeito que está sendo conduzida, ela [a Comissão da Verdade] é simplesmente revanchista", disse Bandeira, que defende a apuração, na comissão, dos crimes cometidos pela guerrilha de esquerda contra militares.
À saída do encontro, os ex-militares foram hostilizados pelos manifestantes, chamados de torturadores e assassinos. A PM utilizou bombas de efeito moral e jatos de gás de pimenta para dispersar a multidão.



Militares da reserva, por meio do Clube Militar do Rio, enviaram convites para o ato, organizado para acontecer na sede do Clube - denominado “1964 – A Verdade”. O evento acontece um mês após o lançamento de manifesto em que cobram da presidente do país postura contrária à Comissão da Verdade e à revogação da Lei da Anistia. Entre seus painelistas, o general Luiz Eduardo Rocha Paiva, principal crítico das duas leis federais.



Em declaração à jornalista Miriam Leitão, durante entrevista, Paiva fez várias declarações que questionam a morte de Wladimir Herzog pelos militares; fala até mesmo que a presidente Dilma Rousseff não sofreu tortura pelos aparelhos do governo da repressão. Também no início do mês fez outras declarações que, certamente, seriam impedidas de circular se fossem dadas durante o regime ditatorial do qual ele participou.

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