Escrevi
aqui um post, vocês se lembram, sobre o lançamento do documentário
“Pela Primeira Vez” e afirmei que veríamos fotos interessantes. Eis aí.
Lula e Dilma chegaram juntos ao auditório do Museu Nacional. O filme é
produzido e dirigido por Ricardo Stuckert, fotógrafo oficial da
Presidência na gestão do Apedeuta e traz cenas inéditas em 3D da
cerimônia de transmissão de posse em 2011. A foto acima é de Roberto
Stuckert Filho, irmão de Ricardo. Dilma jantou com seu antecessor no
Palácio da Alvorada. Ficaram juntos por mais de quatro horas.
Dei um
título que remete a Raul Seixas. Está em cartaz um outro documentário,
que vale a pena ver: “Raul Seixas - O início, o fim e o meio”, de Walter
Carvalho. Raul, goste-se ou não, era um verdadeiro Maluco-Beleza, um
contestador genuíno. Embora ele desafiasse um pouco o meu dogmatismo
comuna, então, gostava de ouvi-lo. Eu achava “Ouro de Tolo” contra o
sistema… E era! Não é o caso de glorificar suas escolhas — que foram, em
essência, péssimas pra ele e para quem eventualmente tenha decidido
imitá-lo —, mas se reconheça sua autenticidade. Em contraste com essa
gente esquisita que anda por aí, que “contesta o establishment” falando a
linguagem do oficialismo — frequentemente, financiada por ele —, Raul
era um monumento à honestidade intelectual.
O próprio
documentário, já dá para saber sem ver, tenta falar a linguagem “de
resistência”. O “Pela Primeira Vez” do título remete ao fato de que,
“pela primeira vez”, um ex-metalúrgico passa a faixa presidencial a uma
mulher. E daí? Até havia pouco, Fernando Cavendish, por exemplo, tinha
todos os motivos do mundo para ser grato. Hoje, se preciso, até banco e
empreiteira falam “contra o sistema”. Isso tudo significaria a
emergência dos oprimidos na cena política etc e tal… É, em suma, o
oficialismo se fingindo de cultura alternativa.
Parodiando outro poeta, Raul Seixas cheirava éter; hoje, os “malucos oficialistas” cheiram dinheiro público.
Por Reinaldo Azevedo
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