sábado, 17 de março de 2012

Ditador Kadafi tinha braço financeiro no Brasil

Banco ABC Brasil era capitalizado por recursos do ditador assassinado no ano passado; instituição que já teve até Roberto Marinho como sócio conseguiu liberar recursos que estavam bloqueados por ordem do Banco Central; sem o apoio do ditador, futuro do banco no Brasil é incerto

O ex-ditador líbio Muammar Kadafi já teve um braço financeiro no Brasil. Trata-se do banco ABC Brasil, que era capitalizado por recursos ligados ao regime que foi derrubado no ano passado, com apoio de forças militares de vários países. A ligação era tão próxima que, em 2011, o banco chegou a ter R$ 20 milhões bloqueados por solicitação do Banco Central e da Advocacia-Geral da União (AGU). Temia-se que recursos do ABC Brasil fossem usados pelo ditador para esmagar a população civil da Líbia. Por isso, o banco, instalado no Brasil, foi submetido às sanções internacionais.
Nesta semana, na quarta-feira 14, o ABC Brasil conseguiu reverter o bloqueio. Isso porque, após a queda e o assassinato de Kadafi, a Justiça Federal de São Paulo liberou os R$ 20 milhões, atendendo a solicitação da própria AGU. O órgão seguiu decreto presidencial de fevereiro que excluiu o Banco Central da Líbia e o Libyan Arab Foreign Bank da lista de entidades sujeitas às sanções estabelecidas pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas em 2011.
A notícia, que por um lado é positiva, por outra explicita os laços fortes que existiram entre o ABC Brasil e o regime de Kadafi, que aterrorizou a população líbia durante 40 anos. Não se sabe agora como será o futuro do banco, sem a ajuda do ditador. No passado, o ABC foi capitalizado por famílias da Arábia Saudita e teve como sócio o empresário Roberto Marinho – à época, o banco se chamava ABC Roma. Quando Marinho e os sauditas decidiram sair da instituição, o ABC Brasil recorreu ao ex-ditador líbio. Agora, terá que buscar novas fontes de captação.
Sem laços com o passado
O novo regime líbio, formado pelo Conselho Nacional de Transição, já deixou claro que pretende reavaliar todos os negócios feitos com os antigos amigos de Kadafi. Isso atinge empreiteiras brasileiras, como Andrade Gutierrez e Queiroz Galvão, que foram levadas à Líbia pelo ex-presidente Lula. E pode atingir ainda o banco ABC Brasil.

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