LUIS CORVINI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Férias negociadas no emprego, alforge, computador de bordo e diversos
outros equipamentos já comprados e instalados na "magrela". Tudo pronto
para o analista de sistemas Eriston Danilo Gomes dos Santos, 26, iniciar
a "pedalada dos seus sonhos".
Eriston faz parte de um grupo de ciclistas que saiu de São Paulo no
último domingo (10) e que irá pedalar até o Rio de Janeiro, para
participar da conferência sobre desenvolvimento sustentável da ONU, a
Rio+20.
"Já temos o trajeto, os lugares onde vamos parar e a questão de
segurança já está bem resolvida. Vai ser uma forma de mostrar que o
ciclista faz parte do trânsito", diz.
| Diego Romero | |||
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| Eriston dos Santos, analista de sistemas que vai pedalar de São Paulo ao Rio de Janeiro, para a Rio+20 |
ENCONTRO DOS BONDES
No total, três grupos, chamados pelos participantes de bondes, vão sair
em direção à conferência. O bonde Sul, com ciclistas de São Paulo, Santa
Catarina e Rio Grande do Sul, viaja pelos litorais paulista e carioca,
em uma rota de 650 quilômetros de extensão.
O bonde Centro-Oeste, com 11 integrantes, incluindo até um deficiente
visual, saiu de Brasília no último dia 3, em uma rota de 1.200 km.
No bonde Nordeste, apenas dois integrantes. Os ciclistas Maria
Nascimento dos Santos, 50, e Lucivaldo Oliveira, 52, partiram de Maceió,
Alagoas, no dia 20 de maio, para a mais longa das viagens, 2.200 km. A
dupla vai atravessar quatro estados e mais de vinte cidades até o Rio.
Mesmo sendo atleta de provas de longa distância, Maria diz que uma pedalada dessas proporções foge dos padrões de treinamento.
"Preparação realmente não existe. Tem que ter cabeça, determinação. Não
ter medo do que vai enfrentar, e amar o que faz", afirmou.
Ela só reclama da bagagem enxuta. "Tô revoltada. Não posso levar vestido nem salto agulha. E se tiver uma festa lá?", brinca.
BIKE IN RIO
João Paulo Amaral, 26, consultor de sustentabilidade e criador do site
Bike Anjo, iniciativa que auxilia as pessoas a incluir a bicicleta no
seu cotidiano, explica que mais do que uma grande aventura, a viagem é
uma forma de educar a sociedade sobre o que será discutido na
conferência.
"A 'bicicletada' nacional rumo à Rio+20 é uma proposta de convergir
pessoas de diferentes cidades do país para irem pedalando e, nesse
trajeto, passar em escolas, falar com os governos e divulgar as questões
do desenvolvimento sustentável de forma global e da bicicleta como uma
das soluções na questão de mobilidade", diz o consultor.
Sobre os assuntos a serem debatidos na reunião de cúpula da Rio+20, João
Paulo lamenta pelos políticos já terem "soluções pré-definidas somente
para longo prazo". Ainda assim, ele é otimista em relação à reunião.
"Infelizmente o que a gente vê é que isso tudo está sendo negociado para
ter metas lá para 2020, 2025. Todas as datas parecem tão longe para
questões que estão sendo emblemáticas hoje no mundo, como mudanças
climáticas, erradicação da pobreza. Mas vão sair coisas boas sim. Minha
opinião é que só é próspero esse evento."
No último dia da cúpula, os ciclistas irão se reunir para uma bicicletada na Cinelândia, no centro do Rio.(Folha)

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