quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Cruzes lembraram, no dia de finados, as 12 mortes ocorridas na praia da Ponta Negra

As cruzes com tabuletas, onde se lia os nomes das pessoas mortas e as datas de seus afogamentos. foto: Joel RosaAs cruzes com tabuletas, onde se lia os nomes das pessoas mortas e as datas de seus afogamentos. foto: Joel Rosa
No Dia de Finados,sexta-feira (2), por volta das 7h30, 12 cruzes foram fincadas na praia da Ponta Negra para lembrar as 12 vidas que foram sacrificadas no balneário, urbanizado para levar somente alegrias aos banhistas, mas que acabou gerando dor, tristeza e muita revolta.
O grupo que fincou as cruzes com tabuletas, onde se lia os nomes das pessoas mortas e as datas de seus afogamentos, chamou a atenção dos primeiros frequentadores que chegavam à praia. Para muitos, o “buraco da morte”, como foi batizado pelos populares, não trouxe somente dor, mas também cobriu a Ponta Negra de mistério. O que, afinal, está matando as pessoas?

O secretário do Instituto Municipal de Planejamento Urbano (Implurb), Manoel Ribeiro, da autoridade de ex-prefeito da cidade, afastado por intervenção em 1988, resolveu sintetizar, de forma insensível, o problema.

- Os caras bebem e vão mergulhar. É claro que vão morrer afogados, e a prefeitura não pode ser babá de bêbados - disse, revoltando quem ouviu ou leu a pérola.
Outros procuram uma explicação mais plausível, mas tudo à base do “chutômetro”.

- Dizem que tem uma tubulação, por baixo da praia artificial, feita para drenar a praia, que está sugando as pessoas - tenta explicar Muniz de Souza, que frequenta a praia para cuidar da forma física caminhando diariamente em suas areias. Mas não se pode achar que a explicação de Muniz coloque fim ao mistério do “buraco da morte”.

Para outros frequentadores da Ponta Negra, a Prefeitura de Manaus tentou imitar o que foi feito no Rio de Janeiro, na praia de Copacabana, na década de 1960, e também no aterro do Flamengo.

- Mas lá tem mar, e as ondas, ao invés de levarem, trazem a areia para a praia e acabam, com a força da água, compactando o volume de areia. Já no rio, a coisa é ao contrário. A correnteza que não é forte, mas é constante, arrasta aos poucos o que foi jogado artificialmente, deixando crateras profundas. E aí as pessoas às vezes estão nadando em locais que dá pé e, de repente, caem em buracos profundos. É isso - resume
Edemberg Júnior.


As pessoas que chegam à praia cedo, deitam os olhos sobre as cruzes e param por alguns instantes para ler os nomes das vítimas e conferir as datas em que elas morreram. Algumas se benzem, franzem a testa. Outras se limitam a fazer comentários curtos e continuam sua caminhada em busca do lazer do feriado.

As mortes por afogamento foram debatidas exaustivamente na Câmara.  De acordo com a vereadora Socorro Sampaio, presidente da Comissão de Serviços Públicos da Câmara Municipal de Manaus, para conter as mortes será preciso resolver todos os erros que ocorreram nas obras da praia. O Corpo de Bombeiros que também participou da audiência pública, culpa a falta de conscientização dos banhistas, que não respeitam o horário de funcionamento da praia e os limites permitidos. Fonte : Em Tempo

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