quinta-feira, 8 de março de 2012

Navalhada do dia


Questão comercial:

Depois que monsieur Jerôme Valcke disse que o Brasil precisava tomar um pontapé no traseiro para acelerar a organização da Copa do Mundo de Futebol de 2014, a situação azedou. Ponta pé no traseiro nós não admitimos. Imediatamente um bravo guerreiro do governo empunhou sua espada e saiu em disparada atrás do desavergonhado. Jerôme, ao perceber o perigo que corria, imediatamente se isentou de culpa. Desta vez não culpou os jornalistas. Culpou o tradutor. Onde se viu traduzir un coup de pied aux fesses desse jeito? Será que não estudou? Afinal ele não disse no traseiro, disse nas nádegas, e se este não fosse um artigo respeitável, seria na bunda. Jê, para os íntimos, tentou pedir desculpas, sem sucesso. O chefão da FIFA, Joseph Blatter, virou bombeiro e ele mesmo se incumbiu de pedir desculpas. Nesse episódio não só salvamos a honra nacional, como enquadramos o gringo e nos saímos melhor do que na Questão Christie, ainda na época do II Reinado.
A FIFA é uma empresa global, que detém o monopólio do jogo que conhecemos como futebol. Tem a patente. Ninguém pode imitar, nem copiar.. Quem quiser jogar o futebol, ou soccer, ou ludopédio como ensinou um aloprado, tem que compor com a FIFA. Se de um lado há um parceiro comercial, espera-se que de outro haja outro parceiro comercial, uma entidade também privada que negocie com a FIFA. Estádios, custos, ingressos, meia entrada e outras ações deveriam ser acordadas entre as partes. Onde entra o Estado? Não deveria entrar, a não ser para organizar o fluxo de turistas e torcedores, o trânsito e o transporte público para os estadios, a segurança de todos e outras atribuições específicas do poder público. Ou seja cuidar de política pública.Por que se meter em uma operação comercial? Transformar a copa do mundo de futebol em uma ação, meta, estratégia nacional é correr o risco do deboche e da perda de respeitabilidade dentro e fora das fronteiras nacionais. A FIFA não pode estar acima da lei. O último que achou que podia ficar acima da lei foi Luis XVI e ele foi convidado a conhecer a invenção do doutor Guilliotin. Nem se admite mudar a lei para atender os interesses comerciais e econômicos da Futbol Association.
Do jeito que as negociações estão enroscadas a confusão tende a aumentar ainda mais. Passou a ser uma bandeira nacional construir os estádios com dinheiro público e maquiar aeroportos e outras infra estruturas para inglês ver. E pode ser que nem venha tanto inglês. E o Blatter é suíço. Vamos aprovar a venda de bebida alcoólica só durante a copa. Isto é o mesmo que considera o torcedor um imbecil. Na copa pode beber, porque ele vai se conter e não vai virar um hooligan, forma inglesa para vândalo., Em outros jogos  está proibido, está tutelado pelo Estado. Há um projeto na Assembléia de São Paulo que proíbe a venda dentro e fora de estádios, antes, durante ou depois dos jogos. Quem tem poder de legislar sobre consumo de álcool? Mais uma missão para os ministros do Supremo, se não estiverem de férias. Enfim, parece que a FIFA tem duas políticas: uma para tratar com países maduros, outra para tratar com  os trapalhões emergentes. De uma forma ou de outra vai faturar bilhões e poderá remunerar os seus acionistas, que são as confederações, que são os dirigentes dela. Sobra dinheiro até para depositar na conta da filhinha de três anos. Em tempo o ingresso mais barato custará 50 dólares, estudante, nos piores lugares vai pagar meia. Comente!!

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